sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Telebras também alega que compra do SAP se deve às "pressões do TCU"

Um outro argumento levantado pela direção da Telebras para justificar a aquisição de um ERP da SAP por R$ 11,7 milhões é no mínimo polêmico. A estatal de telecom teria adquirido aquele que saiu pelo menior preço, porque é assim que o Tribunal de Contas da União exige dos órgãos públicos federais.

Não consta para esse Blog que algum ministro ou auditor do TCU tenha alguma vez dito que exige que os entes federais escolham o melhor sistema para trabalhar por conta de preço. O que o TCU sempre defendeu é que a compra deva ser "vantajosa", que ela traga resultados para o demandante em sua relação custo/benefício.

O pregão eletrônico traz embutida a ideia de que o preço será menor que  o estimado em edital, porque as empresas idôneas sempre acharão um meio de cortar custos ou parte do seu lucro para obter o contrato. Mas a escolha pelo demandante não necessariamente será a da empresa que ofereceu o menor preço mas, sim, o melhor preço, levando sempre em conta que o interesse final é que o serviço seja executado e não inexequível.

"Não Queiroz, o mesmo cara (TCU) que diz que é o mais vantajoso vem aqui e me bate porque eu não compro o mais barato. Falar é uma coisa, fazer é outra", justificou o diretor Técnico-Operacional, Paulo Eduardo Kapp, sobre o processo de compra na estatal.

O que ocorre é que o diretor não acompanhou esse pregão, Kapp não era o resposável pela aquisição do ERP na época, mas tomou para si a responsabilidade de explicar, acreditando inclusive que essa modalidade de licitação teve ampla concorrência, o que não ocorreu.

O preço final ofertado pela CAST Informática S/A ficou cerca de R$ 4 milhões à mais do que o da Politec Tecnologia, mas não foi contestado por ninguém, em virtude de eventualmente haver algum benefício à mais colocado a mesa pela segunda colocada, que pudesse virar o jogo.

Paulo Kapp também isentou a ex-gerente de TI, Marlise Kroth Lippert, afastada do cargo para resolver problemas pessoais, garantindo que nunca houve pressão de ninguém para que fosse escolhido um ERP da SAP. No entanto ele disse que o então presidente, Caio Bonilha, pressionou a direção para que resolvesse logo a questão da definição de um ERP, mas não necessariamente que fosse de alguma empresa.

"Na minha gestão foram à minha sala propor a compra de um SAP e eu coloquei todo mundo para correr. Pra quê eu gastaria num sistema como esse para atender a uns 200 funcionários?" - disse à este Blog o ex-presidente da Telebras, Rogério Santanna, procurado para saber se em sua época já existia a inteção de compra de um ERP.

Ele não disse quem teria ido à sua sala propor a compra de um ERP da multinacional alemã, mas Santanna argumentou que a Telebras não tinha como justificar na sua época a aquisição de um software tão caro, se não tinha sequer faturamento para isso. "Mas com um faturamento de R$ 25 milhões, será que uma empresa privada gastaria R$ 11 milhões para comprá-lo?" - questionou o ex-presidente da estatal.