sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Um troglodita para o MCTI?

As leituras que faço nos jornais sobre a indicação de Aldo Rebelo e o PC do B para o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), me provocam risos.

Parece que a presidenta Dilma Rousseff, tendo que agradar essa legenda aliada, sacou do bolso a única pasta não cobiçada por petistas e peemedebistas: o MCTI. É a mesma leitura feita por Lula há 12 anos, quando deu para o PSB essa pasta.

Resultado?

Desta pasta saiu um candidato à presidente, que podia não oferecer o menor perigo eleitoral, mas deixou uma nova legenda no cenário político prontinha, que se viabilizou no meio acadêmico e empresarial. Não fosse a malfadada aventura com Marina Silva, o PSB ainda controlaria essa pasta com ganhos políticos imensuráveis.

Mas vamos ao que interessa: Dilma escolheu um "troglodita" para o MCTI.

No mercado já existem algumas críticas à esse respeito ao ex-ministro do Esporte, pelo fato dele não entender nada de Ciência e muito menos de Tecnologia e Inovação.

Aliás, pesa contra ele o fato dele ser autor de um projeto de Lei de 1994 (nº 4.502/94), já arquivado, no qual proibia órgão público da Administração Direta ou Indireta, estadual e federal, de usar "qualquer inovação tecnológica que seja poupadora de mão de obra, sem prévia comprovação".

Ok, digamos que Aldo Rebelo não estava bem nessa época, não foi seu melhor momento político. Mas isso seria justificativa para o mercado reagir contra?

Depende.

Durante a gestão do PSB, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação sempre teve um viés acadêmico, com suas políticas mais voltadas para atender aos interesses da comunidade acadêmica. Esse processo se acirrou depois com a saída do PSB, nas meteóricas gestões de Aloizio Mercadante (PT) e Clélio Campolina (PMDB).

Política industrial ficou em segundo plano, ao ponto do MCTI nos últimos anos praticamente só se envolver diretamente no projeto da Certificação de Software - CERTICs. A maioria dos projetos foi parar no Ministério das Comunicações ou em menos escala, no do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

Com Aldo Rebelo, um político por excelência e, ainda por cima, um profundo estranho ao setor, a possibilidade dele ouvir mais e ter menos ideias preconcebidas é grande. É uma total incógnita, mas creio que evoluiu com o tempo.

Afinal de contas, o que ele entendia também de Esporte? Nos últimos anos Aldo aprendeu muito a ouvir conselhos e pedidos. Creio que muitos ainda irão se surpreender com a docilidade dele, que nada transparece com a de um ferrenho comunista.

* E tendo um ministério que contará com um orçamento de uns 5 bilhões (fundos setoriais), além da possibilidade de um banco (Finep) com caixa estimado em R$ 15 bilhões para fazer a tão necessária Inovação no Brasil,  indago aos empresários, aos peemedebistas e petistas: Quem é o troglodita?